domingo, 6 de dezembro de 2009

O ALCOOLISMO DÁ EM TODO TIPO DE GENTE


Uma das lendas sobre sobre o alcoolismo é que ele seja causado pela miséria. A vida se tornaria tão dura que, para anestesiar-se, o miserável se refugiaria no álcool. Isso não é verdade. O etilismo ocorre com a mesma frequência em países pobres ou ricos, países capitalistas ou socialistas. Dá tanto em rico quanto em pobre, tanto em branco quanto em preto. Não é sintoma de problemas sociais. Também não é doença de gente triste. Registram-se os mesmos 13% entre pessoas frustradas ou bem-sucedidas, bem-amadas, tímidas ou extrovertidas, angustiadas ou tranquilas. Não há conexão direta entre alcoolismo e fossa.

Outra lenda é que o alcoolismo seria decorrência do clima frio. As pessoas iriam se “viciando” no álcool por recorrerem frequentemente a ele para aquecer o corpo. Também isso não é verdade: em países tropicais bebe-se tanto quanto nos países nórdicos – baiano não bebe menos do que sueco ou esquimó.

A compulsão ao álcool não tem igualmente nada a ver com gula ou voracidade. Dá com a mesma regularidade em gordos e magros, gulosos e frugais. É óbvio que o alcoolismo é uma voracidade, só que é uma voracidade restrita ao álcool. Um alcoólatra pode perfeitamente ser uma pessoa moderada em tudo o mais.

Tampouco existem tipos de personalidade mais sensíveis ao álcool. Se muitos alcoólatras são violentos, paranóicos, ciumentos, muitos não o são, ou só ficam assim quando estão bêbados, se bem que muito bêbado é meigo, tranquilo, manso, mesmo no auge do pileque.

O fato de se ficar embriagado com pouco álcool ou de não se mostrar alterado nem com muito álcool também não quer dizer nada. Muito alcoólatra fica bêbado na primeira dose, e outros não se embriagam nem depois de beberem um litro. A única vantagem do alcoolismo de pequenas doses é que sai mais barato para quem está nele, caso não continue bebendo depois de bêbado...

Alcoolismo também não é coisa de gente preguiçosa ou fraca da vontade. Aquele atleta de ontem, que acordava com o nascer do sol e apresentava a mais férrea força de vontade, pode perfeitamente tornar-se o pau-d'água de amanhã.

A frequência com que se bebe, esta sim, é sugestiva de tendência ao alcoolismo, embora não seja fator decisivo. Muita gente bebe diariamente e jamais perde a moderação espontânea, enquanto outros bebem anualmente, num único fim de semana, mas aí ninguém segura. Porém, de maneira geral, o alcoólatra tende a beber cada vez mais, e mais habitualmente.



Eduardo Mascarenhas no site de Vander Campello: http://www.vandercampello.rg3.net/

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