quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Relato sobre a minha experiência de vida de alcoólatra


Ao relatar a minha experiência de vida de alcoólatra, tem como objetivo a dizer a você que “UMA OUTRA VIDA É POSSÍVEL” sem a bebida de álcool, e sem outra droga, que possa alterar o meu comportamento.
O álcool não escolhe pessoa, raça, posição social e religião.
Eu Religioso Capuchinho, tenho a alegria de comunicar que, a cada segundo, minuto, hora, dia, mês, e a cada ano conquisto mais uma vitória, e ao completar 10 anos de sobriedade, testemunho a você que a vida tem sentido e que vale a pena vive-la.
Na data 20 de fevereiro de 2001, fica registrado para sempre na minha história de vida. Nesta data ao entrar numa clínica de desintoxicação, pensava comigo, como posso, será que consigo viver a vida sem bebidas de álcool? de tomar uma caipirinha antes do almoço? de tomar uma cerveja com os amigos?
A pessoa que é alcoólatra sempre será alcoólatra e não tem essa de dizer que “ele foi um alcoólatra”, pois se fui um alcoólatra posso beber normalmente e que na realidade não é essa, ao ingerir o primeiro gole um copo é muito e um garrafão é pouco. Agora ao dizer que sou um alcoólatra, mas um alcoólatra em recuperação, não faz sentir-me envergonhado. pelo contrário, é o que me dá mais forças de viver em sobriedade.
Toda pessoa ao nascer o primeiro alimento é o leite e não um copo de cerveja ou cachaça, com isso toda pessoa pode viver a vida feliz sem nenhum produto que contem álcool para ser ingerido.
As frases que os alcoólatras usam, “EU bebo quando quero e paro quando quero”; “EU sei me controlar”, “EU bebo socialmente”, “EU bebo e não prejudico a ninguém”, “EU bebo somente nos finais de semana e nos feriados”, “Eu bebo somente em festas”. Estas frases são frases falsas e enganadoras.
Nas derrotas e nas vitórias, nas quedas e nas conquistas NÃO BEBA. Um colega meu de AA (alcoólicos anônimos) sempre dizia, “aconteça o que acontecer, doa onde doer, EU não vou beber”.
Dizer que não sinto vontade de beber é mentira. O importante é não dar importância a vontade, pois a vontade é de segundos se você ficar sempre pensando na vontade de beber e no seu sabor você não vai conseguir a resistir.
Evitar o primeiro gole, de 24 em 24 horas, só por hoje.
E viva a sobriedade.
Abraço fraterno

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Efeitos do álcool


O álcool é um depressor do Sistema Nervoso Central e age diretamente em diversos órgãos, tais como o fígado, o coração, vasos e na parede do estômago.
Em pequenas quantidades o álcool promove uma desinibição, mas com o aumento desta concentração o indivíduo passa a apresentar uma diminuição da resposta aos estímulos, fala pastosa, dificuldade à deambulação entre outros. Em concentrações muito altas, ou seja, maiores do que 0.35 gramas/100 mililitros de álcool o indivíduo pode ficar comatoso ou até mesmo morrer.
Os efeitos do álcool variam de intensidade de acordo com as características pessoais. Por exemplo, uma pessoa acostumada a consumir bebidas alcoólicas sentirá os efeitos do álcool com menor intensidade, quando comparada com uma outra pessoa que não está acostumada a beber.
Um outro exemplo está relacionado a estrutura física; uma pessoa com uma estrutura física de grande porte (considerando altura, massa muscular e gordura) terá uma maior resistência aos efeitos do álcool. Outros fatores estão associados ao metabolismo do indivíduo, vulnerabilidade genética, estilo de vida e tempo em que o álcool é consumido.
A Associação Médica Americana (The American Medical Association) considera como uma concentração alcoólica capaz de trazer prejuízos ao indivíduo 0.04 gramas/100 millilitros de sangue.
A tabela abaixo correlaciona os níveis de concentração de álcool no sangue (CAS) e os sintomas clínicos correspondentes.
Quadro 1 - Estágios da intoxicação pelo álcool
BAC
(g/100 ml de sangue
ou g/210 l de ar respirado)
Estágio
Sintomas clínicos

0.01 - 0.05
subclínico
Comportamento normal

0.03 - 0.12
Euforia
Euforia leve, sociabilidade,indivíduo torna-se mais falante.
Aumento da auto-confiança, desinibição, diminuição da atenção, capacidade de julgamento e controle.
Início do prejuízo sensório-motor
Diminuição da habilidade de desenvolver testes

0.09 - 0.25
Excitação
Instabilidade e prejuízo do julgamento e da crítica
Prejuízo da percepção, memória e compreensão
Diminuição da resposta sensitiva e retardo da resposta reativa
Diminuição da acuidade visual e visão periférica
Incoordenação sensitivo-motora, prejuízo do equilíbrio
Sonolência

0.18 - 0.30
Confusão
Desorientação, confusão mental e adormecimento
Estados emocionais exagerados
Prejuízo da visão e da percepção da cor, forma, mobilidade e dimensões
Aumento da sensação de dor
Incoordenação motora
Piora da incoordenação motora, fala arrastada
Apatia e letargia

0.25 - 0.40
Estupor
Inércia generalizada
Prejuízo das funçõesmotoras
Diminuição importante da resposta aos estímulos
Importante incoordenação motora
Incapacidade de deambular ou coordenar os movimentos
Vômitos e incontinência
prejuízo da consciência, sonolência ou estupor

0.35 - 0.50
Coma
Inconsciência
Reflexos diminuídos ou abolidos
Temperatura corporal abaixo do normal
Incontinência
Prejuízo da respiração e circulação sanguínea
Possibilidade de morte

0.45 +
Morte
Morte por bloqueio respiratório central

Indivíduos que fazem uso crônico de grandes quantidades de álcool, com o passar do tempo, podem desenvolver complicações em diversos órgãos tais como: esofagites, gastrites e úlcera; esteatose, hepatite e cirrose hepática; pancreatite; deficiências vitamínicas, demência e câncer.
Critérios de uso, uso nocivo ou dependência de álcool
Podemos chamar de uso, qualquer consumo de bebida alcoólica, mesmo que episódico ou esporádico.
Indivíduos que bebem eventualmente, mas que exageram nestas ocasiões, podem vir a ter problemas legais, de saúde ou familiares decorrentes deste uso. Diz-se que tais indivíduos fazem um uso nocivo do álcool.
A dependência ocorrequando o consumo de determinada substância é compulsivo, ou seja, o comportamento do usuário está fundamentalmente voltado para o impulso de ingerir o álcool, continuamente ou periodicamente, com a finalidade de obter um estado de alteração da consciência, prazer, evitação ou diminuição de sintomas de abstinência e cuja intensidade é capaz de ocasionar problemas sociais, físicos e ou psicológicos.
Os casos de abuso, dependência ou abstinência do álcool devem ser tratados.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Aumentam licenças por dependência


A cada três horas, uma pessoa é afastada do trabalho para tratar a dependência química no País, revela relatório do Ministério da Previdência Social.
Apenas em janeiro deste ano, foram concedidas 2.506 licenças, por mais de 15 dias, para dependentes do consumo de álcool, maconha, cocaína, anfetamina.
O número reflete apenas uma das faces da influência das drogas no mercado de trabalho, já que expressa o problema só entre os que têm carteira assinada no Brasil.
Os dados mostram ainda que a dependência está em alta entre empreendedores, médicos, advogados, economistas, lixeiros, professores, funcionários públicos, todos do grupo cada vez mais amplificado nas estatísticas de transtornos de saúde desencadeados pelo uso de entorpecentes.
Enquanto no ano passado os peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) concederam 31.721 afastamentos para funcionários dependentes, em 2007 foram 27.517 licenças, o que indica um aumento de 15%.
"O aumento nos números é multifatorial", avalia o médico Jarbas Simas, presidente da Sociedade Paulista de Perícias Médicas.
"De uma maneira geral, a crise pela qual passa a sociedade, a econômica inclusive, está levando o ser humano a procurar rotas de fuga e isso reflete em maiores índices da dependência química.
Por outro lado, os métodos de diagnósticos, o controle das empresas com relação aos funcionários dependentes e a conscientização de que o assunto deve ser tratado como doença, também foi ampliado, o que influencia no aumento", afirma Simas.
Fonte: Jornal da Tarde | Fernanda Aranda

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A DROGA CHAMADA CRACK


O que é?
O crack é uma mistura de cloridrato de cocaína (cocaína em pó), bicarbonato de sódio ou amônia e água destilada, que resulta em pequeninos grãos, fumados em cachimbos (improvisados ou não). É mais barato que a cocaína mas, como seu efeito dura muito pouco, acaba sendo usado em maiores quantidades, o que torna o vício muito caro, pois seu consumo passa a ser maior.
Estimulante seis vezes mais potente que a cocaína, o crack provoca dependência física e leva à morte por sua ação fulminante sobre o sistema nervoso central e cardíaco.

Quais são as reações do crack? O que ele provoca no organismo?
O crack leva 15 segundos para chegar ao cérebro e já começa a produzir seus efeitos: forte aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, suor intenso, tremor muscular e excitação acentuada, sensações de aparente bem-estar, aumento da capacidade física e mental, indiferença à dor e ao cansaço. Mas, se os prazeres físicos e psíquicos chegam rápido com uma pedra de crack, os sintomas da síndrome de abstinência também não demoram a chegar. Em 15 minutos, surge de novo a necessidade de inalar a fumaça de outra pedra, caso contrário chegarão inevitavelmente o desgaste físico, a prostração e a depressão profunda.
Estudiosos como o farmacologista Dr. F. Varella de Carvalho asseguram que "todo usuário de crack é um candidato à morte", porque ele pode provocar lesões cerebrais irreversíveis por causa de sua concentração no sistema nervoso central.

O crack é uma droga mais forte que as outras?
Sim, as pessoas que o experimentam sentem uma compulsão (desejo incontrolável) de usá-lo de novo, estabelecendo rapidamente uma dependência física, pois querem manter o organismo em ritmo acelerado. As estatísticas do Denarc ( Departamento Estadual de Investigação sobre Narcóticos) indicam que, em Janeiro de 1992, dos 41 usuários que procuraram ajuda no Denarc, 10% usavam crack e, em Fevereiro desse mesmo ano, dos 147 usuários, já eram 20%. Esses usuários, em sua maioria, têm entre 15 e 25 anos de idade e vêm tanto de bairros pobres da periferia como de ricas mansões de bairros nobres.
Como o crack é uma das drogas de mais altos poderes viciantes, a pessoa, só de experimentar, pode tornar-se um viciado. Ele não é, porém, das primeiras drogas que alguém experimenta. De um modo geral, o seu usuário já usa outras, principalmente cocaína, e passa a utilizar o crack por curiosidade, para sentir efeitos mais fortes, ou ainda por falta de dinheiro, já que ele é bem mais barato por grama do que a cocaína. Todavia, como o efeito do crack passa muito depressa, e o sofrimento por sua ausência no corpo vem em 15 minutos, o usuário usa-o em maior quantidade, fazendo gastos ainda maiores do que já vinha fazendo. Para conseguir, então, sustentar esse vício, as pessoas começam a usar qualquer método para comprá-lo. Submetidas às pressões do traficante e do próprio vício, já não dispõem de tempo para ganhar dinheiro honestamente; partem, portanto, para a ilegalidade: tráfico de drogas, aliciamento de novas pessoas para a droga, roubos, assaltos, etc.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Fumo, Cigarro e Suas Conseqüências


Introdução
O cigarro é um dos produtos de consumo mais vendidos no mundo. Comanda legiões de compradores leais e tem um mercado em rápida expansão. Satisfeitíssimos, os fabricantes orgulham-se de ter lucros impressionantes, influência política e prestígio. O único problema é que seus melhores clientes morrem um a um.
A revista The Economist comenta: “Os cigarros estão entre os produtos de consumo mais lucrativos do mundo. São também os únicos produtos (legais) que, usados como manda o figurino, viciam a maioria dos consumidores e muitas vezes o matam.” Isso dá grandes lucros para a indústria do tabaco, mas enormes prejuízos para os clientes.
Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, dos Estados Unidos, a vida dos fumantes americanos é reduzida, coletivamente, todo ano, em uns cinco milhões de anos ,cerca de um minuto de vida a menos para cada minuto gasto fumando.“ O fumo mata 420.000 americanos por ano”, diz a revista Newsweek. “Isso equivale a 50 vezes mais mortes do que as causadas pelas drogas ilegais”.

O Que Vai no Cigarro
Até setecentos aditivos químicos talvez entrem nos ingredientes utilizados na fabricação de cigarros, mas a lei permite que os fabricantes guardem a lista em segredo. No entanto, constam entre os ingredientes matais pesados, pesticidas e inseticidas. Alguns são tão tóxicos que é ilegal despejá-los em aterros. Aquela atraente espiral de fumaça está repleta de umas 4.000 substâncias, entre as quais acetona, arsênico, butano, monóxido de carbono e cianido. Os pulmões dos fumantes e de quem está perto ficam expostos a pelo menos 43 substâncias comprovadamente cancerígenas.
centenas de substâncias nocivas estão presentes no cigarro.

O Que Há por Trás do Cigarro
No mundo todo, três milhões de pessoas por ano -seis por minuto- morem por causa do fumo, segundo o livro Mortality From Smoking in Developed Countries 1950-2000, publicado em conjunto pelo Fundo Imperial de Pesquisas do Câncer, da Grã-Bretanha, pela OMS(Organização mundial de Saúde) e pela Sociedade Americana do Câncer. Essa análise das tendências mundiais com relação ao fumo, a mais abrangente até a presente data, engloba 45 países. “Na maioria dos países”, adverte Richard Peto, do Fundo Imperial de Pesquisas do Câncer, “o pior ainda está por vir. Se persistirem os atuais padrões de tabagismo, quando os jovens fumantes de hoje chegarem à meia-idade ou à velhice, haverá cerca de 10 milhões de mortes por ano causadas pelo fumo - uma morte a cada três segundos.
O fumo é diferente de outros perigos”, diz o Dr. Alan Lopez, da OMS. “Termina matando um em cada dois fumantes”. Martin Vessey, do Departamento de Saúde Pública da Universidade de Oxford, diz algo parecido: “Essas constatações no período de 40 anos levam à terrível conclusão de que metade de todos os fumantes terminará morrendo por causa desse hábito – uma idéia muito aterradora.” Desde a década de 50,60 milhões de pessoas morreram por causa do fumo. Essa idéia é muito aterradora também para a indústria do tabaco. Se todo ano, no mundo todo, três milhões de pessoas morrem por motivos ligados ao fumo, e muitas outras param de fumar, então todo ano é preciso encontrar três milhões de novos fumantes.
Uma fonte de novos fumantes surgiu por causa do que a indústria do tabaco aclama como liberação das mulheres. O fumo entre as mulheres é fato consumado já por alguns anos nos países ocidentais e agora está ganhando terreno em lugares em que se via nisso um estigma. Os fabricantes de cigarro pretendem mudar tudo isso. Querem ajudar as mulheres a comemorar a prosperidade e a liberação recém – conquistadas. Marcas especiais de cigarro que alegam ter baixos de nicotina e alcatrão engodam as mulheres que fumam e que acham esse tipo de cigarro menos prejudicial. Outros cigarros são perfumados ou então são longos e finos – o visual que as mulheres talvez sonhem conseguir fumando. Os anúncios de cigarro na Ásia apresentam modelos orientais, jovens e chiques, elegante e sedutoramente vestidas no estilo ocidental.
No entanto, o saldo de mortes relacionadas com o fumo ganha terreno, junto com a “liberação” feminina. O número de vítimas de câncer de pulmão entre as mulheres dobrou nos últimos 20 anos na Grã-Bretanha, no Japão, na Noruega, na Polônia e na Suécia. Nos Estados Unidos e no Canadá, os índices aumentaram 300%. “Você percorreu um longo caminho, garota!”, diz um anúncio de cigarro. Alguns fabricantes de cigarro têm sua própria estratégia. Certa empresa nas Filipinas, país predominantemente católico, distribuiu calendários gratuitos em que logo abaixo da imagem da Virgem Maria aparecia, descaradamente, o logotipo do cigarro.
“Nunca tinha visto nada igual”, disse a Dra.Rosmarie Erban, conselheira de saúde da OMS, na Ásia. “Estavam tentando relacionar o ícone ao fumo, para que as mulheres filipinas não se sentissem culpadas diante da idéia de fumar.” Na China, calcula-se que 61% dos homens adultos fumam, contra apenas 7% das mulheres. Os fabricantes ocidentais de cigarro estão de olho na “liberação” dessas belas orientais, milhões das quais por muito tempo foram privadas dos “prazeres” desfrutados pelas glamorosas ocidentais. Mas há uma pedra enorme no caminho: o fabricante estatal de cigarro supre o mercado com a maior parte do produto.
As empresas ocidentais, porém, estão gradualmente conseguindo abrir as portas. Com oportunidades limitadas de publicidade, alguns fabricantes de cigarro procuram preparar o terreno para ganhar futuros clientes à surdina. A China importa filmes de Hong Kong, e em muitos deles os autores são pagos para fumar – um marketing sutil! Em vista do aumento das hostilidades em seu próprio país, a próspera indústria norte-americana do tabaco está estendendo seus tentáculos para aliciar novas vítimas. Os fatos mostram que os países em desenvolvimento são seu alvo, não importa o custo em vidas humanas.
No mundo todo as autoridades sanitárias soam o alarme. Algumas manchetes: “África combate nova praga: o fumo.” “Fumaça vira fogo na Ásia enquanto o mercado tabagista dispara.” “Índices de consumo de cigarro na Ásia causarão epidemia de câncer.” “A nova batalha do Terceiro Mundo é contra o fumo” O continente africano tem sido castigado por secas, por guerras civis e pela epidemia da AIDS. No entanto, diz o Dr.Keith Ball, cardiologista britânico, “com exceção da guerra nuclear ou da fome, o fumo é a maior ameaça para a saúde da África no futuro”.
Gigantes multinacionais contratam lavradores para cultivar tabaco. Estes derrubam árvores cuja madeira é extremamente necessária para cozinhar, aquecer ambientes e construir casas e a usam como combustível para a cura do tabaco. Cultivam lucrativas plantações de tabaco em vez de produtos alimentícios menos lucrativos. Os africanos pobres geralmente gastam grande parte de sua escassa renda em cigarro. As famílias africanas definham, desnutridas, enquanto os cofres dos fabricantes ocidentais de cigarro engordam com os lucros.

A Praga se Espalha Pelo Mundo
A África, a Europa Oriental e a América Latina são o alvo dos fabricantes ocidentais de cigarro, que vêem nos países em desenvolvimento uma gigantesca oportunidade comercial. Mas a populosa Ásia é de longe a maior mina de ouro de todos os continentes. Só a china atualmente tem mas fumantes do que toda a população dos Estados Unidos – 300millhões. Eles fumam o total assombroso de 1,6 trilhão de cigarro por ano, um terço do total consumido no mundo!
“Os médicos dizem que as implicações do estouro do fumo na Ásia são nada menores que aterradoras”, diz o jornal New York Times Richard Peto calcula que, dos dez milhões de mortes relacionadas com o fumo que se espera que ocorram todo ano nas próximas ou três décadas, dois milhões se darão na China. Cinqüenta milhões de crianças chinesas hoje vivas podem vir a morrer de doenças ligadas ao fumo, diz Peto. O Dr.Nigel Gray resumiu isso nas seguintes palavras: “A história do fumo nas últimas cinco décadas na China e na Europa Oriental condena esses países a uma grande epidemia de doenças ligadas ao fumo.
“Como pode um produto que é a causa de 400 mil mortes prematuras por ano nos EUA, um produto que o Governo norte-americano quer a todo custo que seus cidadãos deixem de consumir, de repente tornar-se diferente fora das fronteiras americanas!”, perguntou o Dr.Prakit Vateesatokit, da Campanha Antifumo da Tailândia. “Será que a saúde se torna irrelevante quando o mesmo produto é exportado para outros países?.
A próspera indústria de tabaco tem no governo dos Estados Unidos um aliado poderoso. Juntos lutam para ganhar terreno no exterior, especialmente nos mercados asiáticos. Por anos os cigarros americanos foram impedidos de entrar no mercado do Japão, Taiwan (Formosa), Tailândia e outros países, porque alguns desses governos tinham seus próprios monopólios sobre produto do tabaco. Grupos antifumo protestam contra as importações, mas a administração norte-americana usou uma arma persuasiva: tarifas punitivas .
A partir de 1985, sobre intensa pressão do Governo dos Estados Unidos, muitos países asiáticos abriram as portas, e os cigarros americanos estão invadindo o mercado. As exportações americanas de cigarro para a Ásia aumentaram 75% em 1988.
Talvez as vítimas mas trágicas da competitividade no mundo do fumo sejam as crianças um estudo divulgado na revista The Journal of the American Medical Association diz que “as crianças e os adolescente constituem 90% de todos os novos fumantes.
Um artigo na revista U.S.News & Would Report calcula em 3,1 milhões a quantidade de fumantes adolescente nos Estados Unidos. Todo dia, 3.000 jovens começam a fumar – 1.000.000 por ano. A publicidade de certo cigarro apresenta a imagem de um personagem de desenhos animados, muitas vezes com um cigarro na boca, um camelo que adora se divertir e vive atrás dos prazeres da vida. Essa publicidade é acusada de engodar crianças e adolescentes, tornando-os escravos da nicotina, antes que compreendam os riscos para a saúde. Em apenas três anos de divulgação dessa publicidade, o fabricante teve um aumento de 64% nas vendas para adolescentes. Um estudo realizado na Faculdade de Medicina da Geórgia (EUA) constatou que 91% das crianças de seis anos de idade que foram avaliadas conheciam esse camelo fumante.
Outro personagem muito conhecido no mundo do cigarro é o cowboy machão, despreocupado, cuja mensagem, nas palavras de um rapaz, é: “quando você está fumando, ninguém o segura”. Consta que o produto de consumo mais vendido no mundo é um cigarro que controla 69% do mercado entre os fumantes adolescentes e que a marca que mais investe em publicidade. Como um incentivo a mais, todo maço traz cupons que podem trocados por jeans, bonés e roupas esportivas do gosto da moçada.
Reconhecendo o tremendo poder da publicidade, grupos antifumo conseguiram que se proibissem em muitos países os anúncios publicitários de cigarro na televisão e no rádio. Mas um jeito que os espertos anunciantes de cigarro acharam de driblar o sistema foi colocar outdoors em pontos estratégicos em eventos esportivos. É por isso que numa partida de futebol televisionada para uma grande audiência de jovens talvez apareça, em primeiro plano, a imagem do jogador favorito desses telespectadores, prestes a fazer uma jogada, e em segundo plano, sorrateiramente, um enorme outdoor.
Aqui no Brasil, a minissérie Presença de Anita , chamou a atenção aos vários cigarros consumidos pela protagonista de apenas 18 anos. A representação foi tamanha, ao ponto da própria atriz tornar-se dependente. A mensagem descarada é que fumar dá prazer, boa forma, virilidade e popularidade. “Onde eu trabalhava”, disse um consultor de publicidade, “tentávamos de tudo para influenciar a garotada de 14 anos a começar a fumar”. Os anúncios na Ásia apresentam ocidentais atléticos, saudáveis e cheios de juventude, divertindo-se a valer em praias e quadras esportivas – fumando, é claro. “Top models e estilos de vida ocidentais criam padrões glamorosos a imitar”, comentou um informe de marketing, “e os fumantes asiáticos nunca se fartam disso”.

Não Fumantes em Risco
Você mora, trabalha ou viaja com fumantes inveterados? Então talvez corra o risco ainda maior de contrair câncer de pulmão ou doenças cardíacas. Um estudo realizado em 1993 pela Agência para Proteção do Meio ambiente (EPA, em inglês) concluiu que a fumaça de cigarro no ambiente é um carcinógeno do Grupo A, o mais perigoso. O relatório analisou exaustivamente os resultados de 30 estudos da fumaça produzidas pelo cigarro em repouso e da fumaça expelida depois de tragada.
A EPA diz que a inalação passiva da fumaça de cigarro é responsável pelo câncer de pulmão que mata 3.000 pessoas todo o ano nos Estados Unidos. A Associação Médica Americana confirmou essas conclusões, em junho de 1994, com a publicação de um estudo que revela que as mulheres que nunca fumaram, mas que inalam fumaça de cigarro no ambiente, correm um risco 30% maior de contrair câncer de pulmão do que outras pessoas que também nunca fumaram.
No caso das crianças pequenas, a fumaça de cigarro resulta em 150.000 a 300.000 casos anuais de bronquite e pneumonia. A fumaça agrava os sintomas de asma em 200.000 a 1.000.000 de crianças todo o ano nos Estados Unidos. A Associação Cardíaca Americana calcula que ocorram, todo o ano, 40.000 mortes por doenças cardiovasculares causadas pela fumaça de cigarro no ambiente. Um levantamento feito pela equipe de José Rosember, pneumologista brasileiro, avaliou os efeitos do tabagismo na saúde de 15 mil crianças entre zero e um ano. Nas famílias em que o pai fuma, cerca de 25%das crianças apresentou problemas respiratórios. Quando a mãe é fumante o número passa para 49%, pois ela tem mais contato com
Em 2002, o governo brasileiro estampará nos maços de cigarro, imagens e alertas aterradores, como por exemplo uma doente grave aparecendo num leito de hospital com câncer de pulmão. Terá também imagens de crianças prematuras para alertar o fumo durante a gravidez e frases de efeito como “Fumar causa impotência sexual”. Será a maior ofensiva contra os mais de 30 milhões de viciados, que segundo o Ministério da Saúde mata 80 mil brasileiros por ano.
Mas, para quem quer se livrar da dependência, a medicina está trazendo tratamentos desde terapias e antidepressivos até chicletes e adesivos de nicotina. Já existem várias alternativas contra o cigarro, segundo o psiquiatra Montezuma Ferreira, do Ambulatório de Tabagismo do Hospital das Clínicas de São Paulo “Hoje é mais fácil parar de fumar”.
Algumas dessas alternativas se baseiam na reposição de nicotina. O fumante é poupado dos efeitos da interrupção repentina do hábito, como a irritabilidade. Então, se oferece ao corpo a nicotina mas em doses menores até que ele dispense a substância, como é o caso do chiclete e do adesivo de nicotina. Há outros tratamentos que usam antidepressivos, com bupropriona (Zyban, da empresa Glaxowellcome). Mas ainda não se sabe como ele funciona contra a dependência. Acredita-se que a droga aumente o efeito de substâncias como a seretonina e a dopanina. Assim, o fumante teria as mesmas sensações de bem-estar causadas pela nicotina. Porém, esses tratamentos são recomendados para pacientes que fumam mais de quinze cigarros por dia, ou seja, um alto grau de dependência.
Há até técnicas para quem, durante o tratamento, sente um desejo incontrolável de fumar. Trata-se de um sray de nicotina. Ao bater aquela vontade de tragar, o fumante pode borrifar um pouco do líquido no nariz. Mas esse produto só existe nos Estados Unidos. Já descobriu-se que o cérebro possui receptores de nicotina, espécies de fechadura localizadas nas células nas quais o composto se encaixa. A partir daí começam a ser liberadas no corpo substâncias como a seretonina, catecolamida e dopamina. Elas estão envolvidas no processamento de sensações como bom-humor e relaxamento. Com o tempo, o corpo se acostuma com a nicotina e precisa cada vez mais dela para sentir as mesmas coisas. Está consolidada a dependência.
Sabe-se também que além da nicotina, o outro vilão é o alcatrão. Ele causa alterações nas células que podem levar ao desenvolvimento de vários tipos de câncer como o de pulmão e o de boca.

Constatações de 50.000 Estudos
A seguir temos uma pequena amostra do que preocupa os pesquisadores com relação ao fumo e à saúde:
Câncer de Pulmão:
87% das mortes por câncer de pulmão ocorrem entre os fumantes.

Doenças Cardíacas:
os fumantes correm um risco de 70% maior de apresentar doenças cardíacas

Câncer de Mama:
as mulheres que fumam 40 ou mais cigarros por dia têm uma probabilidade 74% maior de morrer de câncer de mama.

Deficiências Auditivas:
os bebês de mulheres fumantes têm maiores dificuldades em processar sons.

Complicações da Diabetes:
os diabéticos que fumam ou que mascam tabaco correm maior risco de ter graves complicações renais e apresentam retinopatia (distúrbios da retina) de evoluções mais rápidas.

Câncer de Cólon:
dois estudos com mais de 150.000 pessoas mostram uma relação clara entre o fumo e o câncer de cólon.

Asma:
a fumaça pode piorar a asma em crianças

Predisposição ao Fumo:
as filhas de mulheres que fumavam durante a gravidez têm quatro vezes mais probabilidade de fumar também.

Leucemia:
suspeita-se que o fumo cause leucemia mielóide.

Contusões em Atividades Físicas:
segundo um estudo do Exército dos Estados Unidos, os fumantes têm mais probabilidades de sofrer contusões em atividades físicas.

Memória:
doses altas de nicotina podem reduzir a destreza mental em tarefas complexas.

Depressão:
psiquiatras estão investigando evidências de que há uma relação entre o fumo e a depressão profunda, além da esquizofrenia.

Suicídio:
um estudo feito entre enfermeiras mostrou que a probabilidade de cometer suicídio era duas vezes maior entre as enfermeiras que fumavam.

Outros perigos a acrescentar à lista:
câncer da boca, laringe, gargantas, esôfago, pâncreas, estômago, intestino delgado, bexiga, rins e colo do útero; derrame cerebral, ataque cardíaco, doenças pulmonares crônicas, distúrbios circulares, úlceras pépticas, diabetes, infertilidade, bebês abaixo do peso, osteoporose e infecções dos ouvidos. Pode-se acrescentar ainda o perigo de incêndios, já que o fumo é a principal causa de incêndios em residências, hotéis e hospitais.

O Pulmão e o Coração

Ilustração do
Pulmão Humano O pulmão humano é composto de pequenos glóbulos chamados alvéolos. O fluxo de sangue e a irrigação sanguinia entre o coração e o pulmão são intensos. A fumaça do cigarro prejudica diretamente o funcionamento do sistema coração-pulmão. Com o passar do tempo os alvéolos pulmonares vão sendo cimentados pelos componentes da fumaça do cigarro, deixando de fazer sua função. O organismo então passa a ter menor oxigenação dos tecidos, resultando em maior facilidade de cansaço para o fumante. O cigarro também causa inúmeros danos ao coração, tal como infarto.

É Possível Libertar-se
Milhões de pessoas conseguiram se libertar do vício da nicotina. Se você fuma, você também poderá largar esse hábito prejudicial.
Aqui vão algumas dicas:
Saiba de antemão o que esperar. Os sintomas de abstinência podem incluir ansiedade, irritabilidade, tontura, dor de cabeça, insônia, distúrbios estomacais, fome, fortes desejos de fumar, talvez por causa de um momento estressante (lembre-se de que o impulso em geral passa dentro de cinco minutos), dificuldade de concentração e tremores. Isso não é nada confortável, mas os sintomas mais intensos duram apenas alguns dias e vão desaparecendo à medida que o corpo vai se livrando da nicotina.
Analise sua rotina para ver quando você procurava um cigarro e altere esse padrão, pois a mente estava condicionada por comportamentos associados ao fumo. Por exemplo, se fumava logo após as refeições, crie a determinação de levantar-se logo em seguida e caminhar ou lavar os pratos. Se estiver desanimado por causa de recaídas, não desista.
O importante é continuar tentando.
Parar de fumar é uma coisa. Largar de uma vez por todas o fumo é outra coisa. Estabeleça alvos de abstinência: um dia, uma semana, três meses, para daí então parar de fumar para sempre.
Se a idéia de engordar o incomoda, lembre-se de que os benefícios de parar de fumar superam esses quilinhos a mais. É bom ter frutas e hortaliças à disposição. E beba muita água.

E falando em benefícios ao parar de fumar saiba mais sobre isso:
Vinte minutos depois de deixar o cigarro, a pressão arterial e os batimentos cardíacos retornam ao normal
Um dia depois de largar o vício, as chances de infarto começam a se reduzir
Após três dias, há um aumento da capacidade respiratória
De duas a 12 semanas a circulação sangüínea melhora
No intervalo de 1 a 9 meses a tosse e as infecções das vias aéreas vão cessando. A capacidade física melhora
Em um ano diminui o risco de doença coronariana em 50% Em dez anos caem as chances do aparecimento de câncer
No período de dez a 15 anos o perigo de desenvolver problemas cardíacos se iguala ao de uma pessoa que nunca fumou.

Estatísticas
Mais de 300 pessoas morrem por dia no Brasil em conseqüência ao hábito de fumar. A Organização Mundial de Saúde prevê que, se nada for feito, em 2020 o vício do cigarro levará mais de 10 milhões de pessoas à morte, por ano.

Estatísticas Sobre Uso do Cigarro

Conclusão
O fumo e seus derivados fazem parte do grupo de drogas consideradas de alta periculosidade a saúde humana. Vidas são tragadas pelos malefícios do fumo a cada minuto. Entretanto o lucro gerado pelo fumo movimenta bilhões de dólares todos os anos. Milhares de horas de propaganda a favor do fumo são veiculadas nos meios de comunicação de massa toda semana buscando novos mercados consumidores. Se o fumo é um mal para uns, faz muito bem a outros tantos que usufruem do lucro gerado pelo fumo e seus derivados. A grande maioria entretanto, morre e adoece todos os dias. O fumo traz inúmeras despesas à nossa sociedade.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Verdades e mentiras sobre a bebida



"Vou tomar café forte" - Apesar de estimulante, o café de nada altera o estado de embriaguez.
"Vou tomar banho frio" - Água fria apenas dá a sensação de "acordar" no instante da ducha. Os efeitos do álcool, porém, permanecem inalterados.
"Vou tomar vento" - Os efeitos do álcool não se dissipam com um "ventinho". Só o passar do tempo elimina o álcool do organismo.
"Vou comer antes de beber" - Os efeitos do álcool variam de pessoa para pessoa, mas uma coisa é certa: o álcool sempre produzirá alterações em sua percepção, ainda que você esteja muito bem alimentado.
"Vou tomar um remédio" - A ciência não conseguiu produzir qualquer droga que elimine os efeitos do álcool. Nenhum comprimido, nenhuma receita milagrosa.
"Vou beber porque conheço o meu limite" - Ninguém está tão acostumado a beber a ponto de ficar livre dos efeitos do álcool. É difícil saber exatamente a hora de parar. Até porque a primeira função a ser comprometida pela bebida é a capacidade crítica.
"Vou beber esse tipo de bebida porque é mais fraca." - Não existem bebidas fracas. O que determina o estado de alcoolemia é a quantidade de álcool ingerido. Ingerir 340ml de uísque ou cachaça não faz muita diferença. O certo é que, quem bebe, diminui os reflexos e não pode, de maneira alguma, dirigir.
O único remédio é o tempo: As medidas citadas anteriormente apenas produzem bêbados despertos, mas tão bêbados quanto antes.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O MAL QUE FAZ O ÁLCCOL!!


Pesquisa feita nos Estados Unidos com macacos comprova que o uso exagerado de bebidas alcoólicas por pessoas na faixa dos 12 aos 17 anos ataca os neurônios, causa graves danos ao cérebro e problemas comportamentais


Paloma Oliveto


Para os adolescentes, não passa de uma simples diversão. Mas a combinação álcool e juventude traz consequências mais drásticas do que uma dor de cabeça no dia seguinte. Três estudos internacionais divulgados ontem por periódicos científicos mostram que a ingestão exagerada de bebidas por indivíduos em formação — na faixa dos 12 aos 17 anos — provoca danos graves ao cérebro, além de acarretar problemas sociais. A boa notícia é que, de acordo com uma das pesquisas, dos 18 aos 25 anos, a tendência de beber compulsivamente diminui. Até chegar lá, porém, o jovem já pode ter suas funções cerebrais afetadas.

Divulgado pela revista da Academia Nacional de Ciência dos Estados Unidos, a Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas), o estudo Long lasting reduction in hippocampal neurogenesis by alcohol consumption in adolescent nonhuman primates pesquisou, em macacos adolescentes, os efeitos de um comportamento chamado “beber em binge”, que significa consumir, de uma só vez, grandes doses de álcool. É o que fazem as pessoas que, mesmo não consideradas alcoólatras, quando saem para beber: ingerem uma quantidade exagerada de bebida.

A equipe de pesquisadores, liderados por Chitra Mandyam, professora assistente do centro de estudos The Scripps Research Institute, constatou que a ingestão abusiva de bebidas alcoólicas provoca diminuição da produção de células neurais e aumenta a degeneração do hipocampo. Essa área do cérebro está relacionada ao armazenamento da memória de longo prazo.

Sóbrios e bêbados
Os cientistas fizeram os testes com sete macacos rhesus adolescentes, com idades entre 4 e 5 anos, e peso médio de 7,7kg. Durante 11 meses, quatro deles receberam uma dose diária de etanol misturado a um suco artificial de laranja. Os outros três foram mantidos sóbrios, como grupo de controle. Os testes sanguíneos mostraram que os primatas estavam intoxicados por álcool, mesma coisa que acontece com os humanos que bebem em binge.

Dois meses depois de interromperem a oferta diária de etanol, os pesquisadores examinaram os cérebros dos macacos e compararam com os daqueles que não haviam recebido a bebida. O resultado foi que a produção das células-tronco neurais havia decaído e, o mais importante: mesmo 60 dias depois de abstinência, a degeneração do hipocampo continuava, o que sugere que o alcoolismo e o hábito de beber em binge têm efeitos destrutivos de longa duração no cérebro de adolescentes. Segundo os pesquisadores, é possível deduzir que os danos provocados nos macacos sejam os mesmos em humanos porque os primatas são bastante semelhantes à espécie do ponto de vista fisiológico e neuroanatômico.

“A adolescêndia tem sido associada a uma falta de maturidade e ao aumento da curiosidade em se experimentar coisas novas. Essas observações comportamentais ocorrem paralelamente a uma transição, em muitos aspectos, do desenvolvimento do corpo e do cérebro. É preocupante que o consumo de álcool em binge esteja crescendo entre adolescentes, com um percentual significativo (60%) de indivíduos vulneráveis ao desenvolvimento de distúrbios relacionados ao álcool”, justificam, no estudo, os pesquisadores. “Estudos em animais confirmam que a adolescência é um período de grande vulnerabilidade, associado a vários fatores de desenvolvimento comportamental, neural e endócrino, entre outros. Da mesma forma, a indução do álcool nessa fase pode levar o adolescente à compulsão, quando adulto”, disse ao Correio a principal autora da pesquisa, Chitra Mandyam.

Comportamento de risco
Se o estudo de Chitra Mandyam comprovou os efeitos maléficos do álcool no cérebro dos jovens (e adultos), outra pesquisa, cujos resultados preliminares foram divulgados esta semana, pelo periódico Alcoholism: Clinical & Experimental Research, teve como foco o comportamento perigoso dos jovens que abusam da bebida. Segundo o estudo, realizado com 1.253 calouros de faculdades (645 mulheres e 608 homens), à medida que o tempo passa os universitários arriscam-se mais ao volante quando estão bêbados. O ápice da irresponsabilidade ocorre por volta dos 21 anos.

Durante quatro anos, os especialistas Amelia M. Arria, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Maryland, e Robert B. Voas, diretor do Pacific Institute for Research and Evaluation, entrevistaram, a cada 12 meses, os participantes da pesquisa. O objetivo era que relatassem suas experiências associadas ao álcool e à direção. Três comportamentos de risco foram identificados: pegar carona com um motorista alcoolizado, dirigir depois de beber e conduzir mesmo intoxicado pela bebida (ou dirigir embriagado). Os resultados mostraram que, entre os universitários, essas atitudes são comuns. “No início do estudo, quase metade dos estudantes dirigiram depois de beber e um em cinco conduziram enquanto estavam intoxicados. Já aos 20 anos de idade, 80% haviam dirigido depois de beber e 20% dirigiram mesmo intoxicados. Entre os homens, o comportamento foi mais comum que entre as mulheres”, contou ao Correio Amelia M. Arria.

De acordo com ela, ao atingir os 21 anos, idade em que é permitido beber nos Estados Unidos, as atitudes arriscadas chegaram ao ápice. “Esses resultados servem para questionar a atitude de pessoas que afirmam que baixar para os 18 anos a idade mínima para consumo de bebidas poderia ser uma boa estratégia para reduzir comportamentos de risco”, alega a pesquisadora.


É preocupante que o consumo de álcool em binge esteja crescendo entre adolescentes, com um percentual significativo (60%) de indivíduos vulneráveis”

Chitra Mandyam, coordenadora da pesquisa




Herança perigosa
Kléber Lima/CB/D.A Press

Durante os primeiros meses da lei seca o governo fez alertas com propagandas em vários pontos do DF: aumento de segurança nas estradas



Além da pesquisa sobre o comportamento de risco envolvendo direção e álcool, a revista especializada Alcoholism: Clinical & Experimental Research publicou as preliminares de um estudo mostrando que a impulsividade no ato de beber cai entre os 18 e 25 anos de idade. O doutorando em psicologia clínica da Universidade do Missouri, Andrew K. Littlefield, um dos autores da pesquisa, usou dados extraídos de um estudo realizado com pessoas que, devido ao histórico familiar de alcoolismo, correm o risco de ser tornarem dependentes.

Os dados foram coletados entre 489 universitários, no primeiro ano de faculdade, sendo que, ao longo de 15 anos, eles foram novamente entrevistados. “Nossos resultados sugerem que os indivíduos cujos comportamentos impulsivos decresceram, também fizeram diminuição do uso de álcool e tiveram menos problemas relacionados à bebida, no intervalo dos 18 aos 25 anos”, explicou Littlefield, por meio da assessoria de imprensa da Universidade do Missouri.

De acordo com ele, muitos pesquisadores e psicólogos clínicos tendem a pensar que a construção da personalidade é estável, mudando pouco com o tempo, algo que Littlefield refuta. “Estes resultados fornecem evidências claras de que é possível controlar e diminuir a impulsividade”, sustenta. (PO)



Os indivíduos cujos comportamentos impulsivos decresceram também diminuiram o uso de álcool e tiveram menos problemas relacionados à bebida, no intervalo dos 18 aos 25 anos”

Andrew K. Littlefield, coautor da pesquisa




E eu com isso

Há três anos, a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) realizou um levantamento inédito mostrando que os adolescentes brasileiros bebem cada vez mais cedo. Segundo a pesquisa, 35% dos jovens de 14 a 17 anos consomem álcool pelo menos uma vez por ano; e 24% dos indivíduos nessa faixa etária fazem uso da bebida pelo menos uma vez por mês. E quando bebem, reproduzem o padrão chamado binge, que, em português, seria algo como “bebedeira”. Em termos quantitativos, significa cinco ou mais doses por vez. O comportamento varia conforme o sexo. Enquanto um terço dos meninos beberam em binge no ano anterior da pesquisa, apenas 11% das meninas fizeram o mesmo.

FONTE: Correio Braziliense online, 03/06/2010