sexta-feira, 25 de junho de 2010

Verdades e mentiras sobre a bebida



"Vou tomar café forte" - Apesar de estimulante, o café de nada altera o estado de embriaguez.
"Vou tomar banho frio" - Água fria apenas dá a sensação de "acordar" no instante da ducha. Os efeitos do álcool, porém, permanecem inalterados.
"Vou tomar vento" - Os efeitos do álcool não se dissipam com um "ventinho". Só o passar do tempo elimina o álcool do organismo.
"Vou comer antes de beber" - Os efeitos do álcool variam de pessoa para pessoa, mas uma coisa é certa: o álcool sempre produzirá alterações em sua percepção, ainda que você esteja muito bem alimentado.
"Vou tomar um remédio" - A ciência não conseguiu produzir qualquer droga que elimine os efeitos do álcool. Nenhum comprimido, nenhuma receita milagrosa.
"Vou beber porque conheço o meu limite" - Ninguém está tão acostumado a beber a ponto de ficar livre dos efeitos do álcool. É difícil saber exatamente a hora de parar. Até porque a primeira função a ser comprometida pela bebida é a capacidade crítica.
"Vou beber esse tipo de bebida porque é mais fraca." - Não existem bebidas fracas. O que determina o estado de alcoolemia é a quantidade de álcool ingerido. Ingerir 340ml de uísque ou cachaça não faz muita diferença. O certo é que, quem bebe, diminui os reflexos e não pode, de maneira alguma, dirigir.
O único remédio é o tempo: As medidas citadas anteriormente apenas produzem bêbados despertos, mas tão bêbados quanto antes.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O MAL QUE FAZ O ÁLCCOL!!


Pesquisa feita nos Estados Unidos com macacos comprova que o uso exagerado de bebidas alcoólicas por pessoas na faixa dos 12 aos 17 anos ataca os neurônios, causa graves danos ao cérebro e problemas comportamentais


Paloma Oliveto


Para os adolescentes, não passa de uma simples diversão. Mas a combinação álcool e juventude traz consequências mais drásticas do que uma dor de cabeça no dia seguinte. Três estudos internacionais divulgados ontem por periódicos científicos mostram que a ingestão exagerada de bebidas por indivíduos em formação — na faixa dos 12 aos 17 anos — provoca danos graves ao cérebro, além de acarretar problemas sociais. A boa notícia é que, de acordo com uma das pesquisas, dos 18 aos 25 anos, a tendência de beber compulsivamente diminui. Até chegar lá, porém, o jovem já pode ter suas funções cerebrais afetadas.

Divulgado pela revista da Academia Nacional de Ciência dos Estados Unidos, a Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas), o estudo Long lasting reduction in hippocampal neurogenesis by alcohol consumption in adolescent nonhuman primates pesquisou, em macacos adolescentes, os efeitos de um comportamento chamado “beber em binge”, que significa consumir, de uma só vez, grandes doses de álcool. É o que fazem as pessoas que, mesmo não consideradas alcoólatras, quando saem para beber: ingerem uma quantidade exagerada de bebida.

A equipe de pesquisadores, liderados por Chitra Mandyam, professora assistente do centro de estudos The Scripps Research Institute, constatou que a ingestão abusiva de bebidas alcoólicas provoca diminuição da produção de células neurais e aumenta a degeneração do hipocampo. Essa área do cérebro está relacionada ao armazenamento da memória de longo prazo.

Sóbrios e bêbados
Os cientistas fizeram os testes com sete macacos rhesus adolescentes, com idades entre 4 e 5 anos, e peso médio de 7,7kg. Durante 11 meses, quatro deles receberam uma dose diária de etanol misturado a um suco artificial de laranja. Os outros três foram mantidos sóbrios, como grupo de controle. Os testes sanguíneos mostraram que os primatas estavam intoxicados por álcool, mesma coisa que acontece com os humanos que bebem em binge.

Dois meses depois de interromperem a oferta diária de etanol, os pesquisadores examinaram os cérebros dos macacos e compararam com os daqueles que não haviam recebido a bebida. O resultado foi que a produção das células-tronco neurais havia decaído e, o mais importante: mesmo 60 dias depois de abstinência, a degeneração do hipocampo continuava, o que sugere que o alcoolismo e o hábito de beber em binge têm efeitos destrutivos de longa duração no cérebro de adolescentes. Segundo os pesquisadores, é possível deduzir que os danos provocados nos macacos sejam os mesmos em humanos porque os primatas são bastante semelhantes à espécie do ponto de vista fisiológico e neuroanatômico.

“A adolescêndia tem sido associada a uma falta de maturidade e ao aumento da curiosidade em se experimentar coisas novas. Essas observações comportamentais ocorrem paralelamente a uma transição, em muitos aspectos, do desenvolvimento do corpo e do cérebro. É preocupante que o consumo de álcool em binge esteja crescendo entre adolescentes, com um percentual significativo (60%) de indivíduos vulneráveis ao desenvolvimento de distúrbios relacionados ao álcool”, justificam, no estudo, os pesquisadores. “Estudos em animais confirmam que a adolescência é um período de grande vulnerabilidade, associado a vários fatores de desenvolvimento comportamental, neural e endócrino, entre outros. Da mesma forma, a indução do álcool nessa fase pode levar o adolescente à compulsão, quando adulto”, disse ao Correio a principal autora da pesquisa, Chitra Mandyam.

Comportamento de risco
Se o estudo de Chitra Mandyam comprovou os efeitos maléficos do álcool no cérebro dos jovens (e adultos), outra pesquisa, cujos resultados preliminares foram divulgados esta semana, pelo periódico Alcoholism: Clinical & Experimental Research, teve como foco o comportamento perigoso dos jovens que abusam da bebida. Segundo o estudo, realizado com 1.253 calouros de faculdades (645 mulheres e 608 homens), à medida que o tempo passa os universitários arriscam-se mais ao volante quando estão bêbados. O ápice da irresponsabilidade ocorre por volta dos 21 anos.

Durante quatro anos, os especialistas Amelia M. Arria, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Maryland, e Robert B. Voas, diretor do Pacific Institute for Research and Evaluation, entrevistaram, a cada 12 meses, os participantes da pesquisa. O objetivo era que relatassem suas experiências associadas ao álcool e à direção. Três comportamentos de risco foram identificados: pegar carona com um motorista alcoolizado, dirigir depois de beber e conduzir mesmo intoxicado pela bebida (ou dirigir embriagado). Os resultados mostraram que, entre os universitários, essas atitudes são comuns. “No início do estudo, quase metade dos estudantes dirigiram depois de beber e um em cinco conduziram enquanto estavam intoxicados. Já aos 20 anos de idade, 80% haviam dirigido depois de beber e 20% dirigiram mesmo intoxicados. Entre os homens, o comportamento foi mais comum que entre as mulheres”, contou ao Correio Amelia M. Arria.

De acordo com ela, ao atingir os 21 anos, idade em que é permitido beber nos Estados Unidos, as atitudes arriscadas chegaram ao ápice. “Esses resultados servem para questionar a atitude de pessoas que afirmam que baixar para os 18 anos a idade mínima para consumo de bebidas poderia ser uma boa estratégia para reduzir comportamentos de risco”, alega a pesquisadora.


É preocupante que o consumo de álcool em binge esteja crescendo entre adolescentes, com um percentual significativo (60%) de indivíduos vulneráveis”

Chitra Mandyam, coordenadora da pesquisa




Herança perigosa
Kléber Lima/CB/D.A Press

Durante os primeiros meses da lei seca o governo fez alertas com propagandas em vários pontos do DF: aumento de segurança nas estradas



Além da pesquisa sobre o comportamento de risco envolvendo direção e álcool, a revista especializada Alcoholism: Clinical & Experimental Research publicou as preliminares de um estudo mostrando que a impulsividade no ato de beber cai entre os 18 e 25 anos de idade. O doutorando em psicologia clínica da Universidade do Missouri, Andrew K. Littlefield, um dos autores da pesquisa, usou dados extraídos de um estudo realizado com pessoas que, devido ao histórico familiar de alcoolismo, correm o risco de ser tornarem dependentes.

Os dados foram coletados entre 489 universitários, no primeiro ano de faculdade, sendo que, ao longo de 15 anos, eles foram novamente entrevistados. “Nossos resultados sugerem que os indivíduos cujos comportamentos impulsivos decresceram, também fizeram diminuição do uso de álcool e tiveram menos problemas relacionados à bebida, no intervalo dos 18 aos 25 anos”, explicou Littlefield, por meio da assessoria de imprensa da Universidade do Missouri.

De acordo com ele, muitos pesquisadores e psicólogos clínicos tendem a pensar que a construção da personalidade é estável, mudando pouco com o tempo, algo que Littlefield refuta. “Estes resultados fornecem evidências claras de que é possível controlar e diminuir a impulsividade”, sustenta. (PO)



Os indivíduos cujos comportamentos impulsivos decresceram também diminuiram o uso de álcool e tiveram menos problemas relacionados à bebida, no intervalo dos 18 aos 25 anos”

Andrew K. Littlefield, coautor da pesquisa




E eu com isso

Há três anos, a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) realizou um levantamento inédito mostrando que os adolescentes brasileiros bebem cada vez mais cedo. Segundo a pesquisa, 35% dos jovens de 14 a 17 anos consomem álcool pelo menos uma vez por ano; e 24% dos indivíduos nessa faixa etária fazem uso da bebida pelo menos uma vez por mês. E quando bebem, reproduzem o padrão chamado binge, que, em português, seria algo como “bebedeira”. Em termos quantitativos, significa cinco ou mais doses por vez. O comportamento varia conforme o sexo. Enquanto um terço dos meninos beberam em binge no ano anterior da pesquisa, apenas 11% das meninas fizeram o mesmo.

FONTE: Correio Braziliense online, 03/06/2010